Os principais mecanismos que causam AVC isquémicos são: a deposição de placas de aterosclerose (que é mais acentuada em fumadores, diabéticos, hipertensos e indivíduos com dislipidemia) nas artérias responsáveis pela circulação cerebral causando diminuição do fluxo sanguíneo para determinadas regiões cerebrais; a oclusão de artérias de menor calibre nas regiões mais profundas do cérebro (que ocorre mais frequentemente em doentes hipertensos e diabéticos) e doenças cardíacas (como a fibrilhação auricular) que podem levar à formação de trombos no coração que se podem soltar e ocluir as artérias cerebrais.
Quanto às causas dos AVC hemorrágicos, destacam-se a hemorragia subaracnoideia que ocorre por rutura de um aneurisma cerebral (uma dilatação num segmento de uma artéria cerebral) e a hemorragia intracerebral que pode ocorrer por diversos motivos, nomeadamente hipertensão.
Na suspeita de AVC, o primeiro passo, como em qualquer emergência médica, é chamar logo ajuda. O contacto com os serviços de emergência (112) deve ser imediato, para assegurar rapidamente o transporte ao hospital em ambulância. Todos os minutos contam no AVC e é importante agir rapidamente a partir do momento que são detectados os sintomas de alteração da fala, boca ao lado ou perda de força num braço/perna. Deve ser anotada a hora a que começaram os sintomas ou a última vez que a pessoa foi vista bem, assim como toda a medicação da pessoa. A pessoa deve ser deitada de lado, com a cabeça ligeiramente elevada. Não deve ser dado nenhum alimento ou medicamento, incluindo aspirina. Também não devem ser colocados dedos ou qualquer outro material na boca.
O crucial é mesmo agir com rapidez e realizar o contacto imediato com o 112. Deve-se manter a calma e conversar com a pessoa afetada num tom de voz suave e reconfortante, já que é natural que ela esteja assustada. Nunca se deve deixar a pessoa sozinha até à chegada da ambulância. Desta forma, podem ser vigiados os sintomas e evitadas quedas ou outras lesões. Se a pessoa parecer ter dificuldade em respirar, deve ser removida/desapertada qualquer peça de roupa que esteja a interferir. Se a pessoa não estiver a respirar, deverão ser iniciadas manobras de suporte básico de vida (SBV), se existirem condições para tal. Pode ser colocado um cobertor para o conforto da pessoa e para minimizar as perdas de calor.
As opções terapêuticas para AVC isquémico têm evoluído de forma muito significativa, tendo obrigado a uma reorganização de todos os cuidados de saúde. De uma forma simplista poder-se-ão resumir os tratamentos para AVC em fase aguda e de prevenção vascular.
Relativamente à fase aguda surge como objetivo essencial resolver a oclusão arterial. Este processo poderá ser realizado através da administração numa veia de um químico (alteplase) e/ou da trombectomia mecânica, utilizando dispositivos que através de cateteres navegam dentro das artérias para remover o trombo.
Para a prevenção vascular importa controlar todos os fatores de risco vascular (como hipertensão, diabetes…), além de realizar investigação complementar de modo a identificar condições que necessitem de tratamento específico.
Uma dieta descuidada poderá contribuir para o aparecimento de vários fatores de risco de AVC: excesso de sal aumenta a probabilidade de desenvolver hipertensão arterial; dieta rica em açúcares aumenta o risco de desenvolver diabetes mellitus; dieta rica em gorduras (sobretudo saturadas) aumenta o risco de desenvolver dislipidémia. Em conjunto, estes fatores de risco potenciam-se, e associam-se ao aparecimento de obesidade. A falta de exercício físico, o sedentarismo, também contribui para o aparecimento dos fatores de risco acima referidos, conferindo assim mais um fator de risco para a ocorrência de um AVC.
O tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas também se associam a maior risco AVC. No caso do consumo de tabaco, no presente ou passado, tal como ativo ou passivo, são considerados relevantes. No caso de consumo de bebidas alcoólicas, o consumo superior a 1 copo de vinho/dia nas mulheres e 2 copos de vinho/dia nos homens poderá contribuir como fator de risco.
Por fim, o uso de drogas recreativas como os canabinóides (haxixe/ marijuana) e cocaína, também se encontra associado à ocorrência de AVC, sobretudo no subgrupo dos jovens.
Sim. A mortalidade provocada pelo AVC tem vindo a diminuir, mas o número de pessoas afetadas pela doença, e as suas consequências, continuam a aumentar. Prevenir a ocorrência de AVC é prevenir a incapacidade futura, com perda de qualidade de vida, capacidade laboral e participação familiar.
E prevenir é fácil. Nove em cada dez AVC podiam ser evitados, ao controlar os seguintes fatores de risco modificáveis: hipertensão arterial, sedentarismo, dislipidemia, maus hábitos alimentares, obesidade, tabagismo, doenças cardíacas, consumo de álcool, stress e diabetes mellitus. Para reduzir em 75% as consequências do AVC bastaria ter uma dieta equilibrada, não fumar e praticar exercício físico.
Assim, prevenir o AVC é a melhor estratégia para viver mais anos com qualidade.
A cada minuto que passa, a pessoa que sofre um AVC perde 1,9 milhões de neurónios. A ação rápida permite salvar cérebro, o que reduz as probabilidades de ficar incapacitado.
Ao detetar sintomas de AVC, o próprio ou quem o assiste, deve ligar imediatamente o 112 e transmitir os sintomas notados e a hora a que estes começaram. Se tiverem decorrido menos de 6 horas desde o início dos sintomas, esta informação permitirá aos serviços de emergência ativar a Via Verde do AVC e encaminhar o doente ao hospital mais próximo preparado para tratar o AVC agudo.
Mesmo que tenham passado mais de 6 horas é conveniente dirigir-se ao hospital, pois os sintomas podem agravar nos primeiros dias e necessitar de outros tratamentos.
Em todos os casos, no hospital, ou depois no centro de saúde, devem ser feitos exames para procurar a causa do AVC. Só assim o médico poderá dar a medicação mais adequada à prevenção de futuros AVC.
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